sábado, 20 de julho de 2024

Caótico e Bom

 

Drizzt e Guenhwyvar- arte de Tyler Jacobson

Personagens de alinhamento caótico / bom empenham-se em combater o mal ativamente mesclando virtudes como compaixão, justiça, temperança, honestidade, prudência, lealdade e altruísmo com princípios éticos de individualismo, independência, liberdade e auto-suficiência.

Estes personagens têm uma bússola moral bastante desenvolvida e pautam suas ações através de seus bons princípios, ao mesmo tempo que acreditam que um excesso de leis, costumes e normas sociais prejudicam a prática do bem. Não à toa, muitos deles se encaixam perfeitamente no arquétipo dos “rebeldes com coração de ouro”. De modo geral, ainda que não sejam anarquistas, eles tendem a ver figuras em posições de autoridade com certa desconfiança – para um personagem bom e caótico, por melhores que sejam, estas pessoas nunca farão todo o bem que podem, já que deixam leis e normas restringirem suas ações.

A visão de mundo caos / bondade estabelece que só é possível praticar o bem de maneira plena quando existe liberdade, e que quaisquer estruturas sociais que restrinjam boas ações e liberdades individuais são potencialmente ruins.

Os mais pragmáticos e realistas, porém, sabem que nem todas as pessoas têm padrões morais tão elevados e, portanto, algumas normas mínimas se fazem necessárias; da mesma forma, nem todas as instituições ou hierarquias são intrinsecamente ruins, e o que importa são os indivíduos que as compõem. Já os mais idealistas, por outro lado, acreditam que são justamente as normas e regras que impedem o desenvolvimento moral das pessoas – e pior, podem até mesmo corrompê-las. Mas, de modo geral, os caóticos bons entendem que a prática do bem é responsabilidade pessoal de cada um e não deve ficar restrita às instituições. Acima de tudo, eles acreditam que as pessoas boas devem sempre dar o exemplo – começando por si próprios.

No geral, os personagens caóticos e bons tendem a respeitar indivíduos por seus próprios méritos, e não por suas posições hierárquicas.

Assembléias de cidadãos e conselhos tribais, que atuam como parlamentos e cortes locais, são alguns exemplos de governos caóticos / bons.

Devido a seus princípios morais elevados, sua tendência natural ao individualismo, apreço pela liberdade e sociedade pouco hierarquizada, os elfos como um todo são considerados caóticos / bons, embora indivíduos possam ter quaisquer alinhamentos.

A prática do bem acima de tudo é tão importante para estes indivíduos que, em certos casos, quebrar as leis vigentes é justificável, desde que isso sirva para alcançar um bem maior e que nunca seja feito em benefício próprio. Por exemplo, ainda que roubar seja um crime, em uma sociedade tirânica ou corrupta um personagem caótico / bom não veria problema algum em roubar o dinheiro de nobres desonestos para comprar comida ou lenha para que os camponeses sobrevivessem a um inverno rigoroso.

É importante frisar, porém, que por mais que estes personagens valorizem as liberdades individuais, eles ainda são fundamentalmente bons em sua essência e jamais praticariam quaisquer atos que possam ser considerados malignos. Por exemplo, um personagem caótico / bom jamais cometeria assassinato, mataria um oponente a sangue-frio, envenenaria a cisterna do castelo de um inimigo, atacaria camponeses inocentes para iniciar uma campanha de terror ou praticaria tortura por qualquer motivo.

E mesmo sendo individualistas que preferem agir sozinhos e à sua própria maneira, personagens bons e caóticos não vêem problema em trabalhar em grupo, especialmente quando seus companheiros compartilham dos mesmos valores morais ou têm um mesmo objetivo em comum.


Princípios comuns aos personagens caóticos e bons:

    Jamais quebra sua palavra de honra quando está lidando com outros personagens bons ou mesmo neutros. Por outro lado, não vê problema algum em mentir deliberadamente ou até mesmo enganar quando está lidando com personagens e seres sabidamente malignos.

    Normalmente não pratica atos criminosos, embora os considere justificáveis em certas situações específicas (por exemplo, quando o sistema de governo é tirânico e corrupto; quando as leis são injustas e feitas para prejudicar bons indivíduos; quando é a única maneira de alcançar um bem maior, etc.), desde que não sejam violentos, cruéis ou cometidos em benefício próprio.

    Na maior parte das vezes segue a lei e respeita autoridades legalmente constituídas quando são boas e justas, ainda que as veja como um mal necessário.

    Jamais comete traição contra um familiar, amigo ou companheiro.

    Sempre salda suas dívidas e cumpre seus contratos.

    Demonstra compaixão com aqueles que são mais fracos ou destituídos, e sempre ajuda os necessitados da melhor maneira possível, mesmo que tenha de quebrar a lei vigente para isso.

    Criminosos e malfeitores devem, quando possível, ser denunciados ou levados à justiça. Quando não for possível, o personagem pode – e deve – agir para coibir o crime usando a força necessária.

    Considera a vingança algo aceitável desde que feita dentro de limites morais bem definidos.

    Possui senso de honra e dever, mas não se vê moralmente obrigado a manter estes princípios se não houver recíproca.

    Sempre trata oponentes honrados da mesma forma, aceita rendições e cuida de seus prisioneiros.

    Não tolera ou faz barganhas com o mal. Pelo contrário, atua ostensivamente para destrui-lo.


Ações que os personagens caóticos e bons nunca praticam:

    Perfídia (inclui traição, deslealdade, quebrar a sua palavra de honra e romper um contrato sem motivo) contra indivíduos bons ou neutros.

    Mentira ou manipulação em benefício próprio ou visando vantagens pessoais; porém, é aceitável mentir por uma causa nobre ou bem maior.

    Cometer um crime em benefício próprio ou visando vantagens pessoais; agir deliberadamente contra leis boas e justas.

    Não aceitar uma rendição honrosa ou maltratar prisioneiros.

    Cometer atos malignos (tortura, assassinato, uso de venenos letais, ganância, intimidação, blasfêmia, criação de mortos-vivos, associação com criaturas e seres malignos ou dos planos inferiores, corrupção e aliciamento de inocentes, etc.).


Exemplos de personagens caóticos / bons da ficção:
Conan (na série de quadrinhos A Espada Selvagem de Conan)
Gilthanas (Dragonlance)
Wulfgar e Drizzt (Forgotten Realms)
Kivan, Coran e Nalia (Baldur’s Gate)
Varric (Dragon Age)
Han Solo (a partir do último ato de “EP IV – Uma Nova Esperança”)
Gavião Arqueiro e Wolverine
Arqueiro Verde, Estelar, Questão e Mulher-Gato (quando retratada como heroína)
Naruto Uzumaki, Killer Bee (Naruto)
Goku e Vegeta (pós-Majin Buu)
Tyrion Lannister e Oberyn Martel (GoT)

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