quinta-feira, 25 de julho de 2024

Neutro e Maligno

 

 

Deirdre Kendrick - arte de Todd Lockwood

Um vilão neutro / maligno é um indivíduo auto-centrado, egoísta e maquiavélico, que coloca sempre a si próprio e a seus interesses pessoais em primeiro lugar, fazendo aquilo que julgar necessário para conquistar seus objetivos.

São individualistas, ególatras, cruéis, insensíveis, perversos, inescrupulosos, corruptos, imorais, manipuladores, pérfidos, relativistas morais e pragmáticos ao extremo. Eles não se importam com conceitos éticos ou sociais como leis, tradições e honra, e consideram virtudes como misericórdia, benevolência ou honestidade meramente como fraquezas ou limitações sociais, cujo único propósito é prejudicar os mais aptos e beneficiar os fracos, inúteis e incapazes.

Sua lealdade e suas alianças são sempre condicionais e motivadas exclusivamente por conveniência e interesses pessoais. Aliados, companheiros e seguidores que não lhe são mais úteis são descartados, abandonados ou traídos sem pensar duas vezes. Seus relacionamentos com outras pessoas baseiam-se somente naquilo que elas podem oferecer, sem dar valor à vida e aos sentimentos alheios. Um vilão maligno e neutro rotineiramente menospreza, trai, tira proveito, agride e mata por qualquer motivo que ele considere válido – dinheiro, conveniência ou simplesmente eliminar alguém que esteja em seu caminho, por exemplo.

Seus objetivos pessoais podem ser extremamente variados: obter poder, riqueza, glória ou status social; desejo de vingança; luxúria; servir a uma divindade maligna / neutra como Nerull, Shar ou Morgion; controlar e dominar um governo estabelecido como sua “eminência parda”; ou até mesmo destruir a ordem social vigente para substituí-la por algo que considera mais apropriado (e “apropriado”, neste caso, não é algo melhor para outros, mas sim aquilo que lhes permite manter o poder ou que se conforma à sua visão de mundo distorcida).

É importante ressaltar que estes vilões não medem esforços e utilizam quaisquer métodos, legais ou ilegais, para destruir seus inimigos ou obter o que desejam – os métodos não importam, apenas o resultado final.

Ainda que sejam completamente imorais e maquiavélicos, quando ocupam posições de poder ou controlam alguma organização, estes vilões normalmente evitam sujar as próprias mãos, preferindo agir indiretamente através de manipulações, mentiras e planos elaborados. Quando uma ação direta se faz necessária, eles normalmente empregam seus agentes, asseclas ou aliados.

Os vilões neutros e malignos tendem a seguir uma filosofia de “sobrevivência dos mais aptos”, isto é, os mais fortes, mais capazes e mais poderosos têm o direito e o dever de manter-se no poder e ditar os rumos da sociedade. Aqueles que são fracos, incapazes ou que se opõem a eles devem ser dominados ou eliminados. Virtudes como caridade e benevolência são empecilhos a esta ordem natural e, portanto, devem ser combatidos.

Nações ou territórios com este alinhamento são incomuns, mas, quando existem, tendem a ser governados por oligarquias tirânicas (conforme a definição de Aristóteles) ou déspotas autocratas que, em muitos casos, são apenas títeres controlados pelas eminências pardas que detém o poder real. Estes governantes mantêm seus cidadãos sempre oprimidos e subjugados, mas gozam de relativa estabilidade desde que consigam manter sua força e autoridade. Mudanças de regime quase sempre ocorrem por meio de rebeliões ou golpes de estado violentos.

São exemplos de raças neutras e malignas: os drow, que vivem em uma sociedade matriarcal corrupta e decadente, onde mentira, manipulação e tramas maquiavélicas são a norma e principal forma de ascensão social; os goblins, cujas sociedades tribais possuem certa organização social e são sempre liderados pelo indivíduo mais forte ou poderoso, que tende a se manter no poder enquanto conseguir sobrepujar seus rivais e opositores.



Princípios comuns aos vilões neutros e malignos:

    Considera a lei e a ordem meramente como ferramentas para conquistar seus objetivos, e pode obedecê-las, usá-las contra seus inimigos ou opor-se diretamente a elas, conforme for necessário.

    Mente, engana, seduz, manipula, trapaceia e induz ao erro para cumprir seus objetivos, mas não se furta a dizer a verdade se for em benefício próprio ou para prejudicar um rival ou inimigo.

    Não se importa com honra, acordos, contratos ou alianças, embora mantenha sua palavra e comporte-se de maneira leal enquanto lhe convier.

    É fiel e leal enquanto lhe for vantajoso ou conveniente, mas não pensa duas vezes em trair aliados, companheiros, superiores ou subordinados se tiver algo a ganhar com isso, e muda de lado se for necessário para alcançar seus objetivos ou garantir vantagens pessoais.

    Acata ordens e obedece a seus superiores hierárquicos, a menos que estes se coloquem em seu caminho.

    Despreza indivíduos bons, virtuosos e que demonstram qualidades morais como compaixão, lealdade, honestidade, veracidade, honra, altruísmo ou sacrifício. Para ele, essas são fraquezas que devem ser exploradas e usadas contra seus inimigos.

    Não hesita em ameaçar, espancar ou torturar um prisioneiro ou oponente, seja para extrair informações, prejudicá-lo ou simplesmente por satisfação pessoal.

    Utiliza quaisquer métodos que considera mais eficientes e rápidos: venenos, assassinato, chantagem, manipulação, etc.

    Considera a vingança como algo legítimo e justificável, em qualquer situação.

    Segue a lei na maior parte do tempo, ainda que por conveniência, mas não vê problemas em cometer quaisquer crimes, violentos ou não, conforme for necessário para cumprir seus objetivos e desde que tenha certeza que não será pego, descoberto ou incriminado.

    Quando age sozinho ou dentro de uma sociedade boa ou ordeira, tende a esconder seu verdadeiro caráter e agir nos bastidores, com discrição e eficiência.

    Não hesita em machucar ou prejudicar inocentes se lhe for vantajoso ou útil.

    Pode ajudar os necessitados, mas somente se houver uma boa recompensa ou compensação envolvida.

    Trabalha bem em grupo quando lhe é útil ou quando partilha de um mesmo objetivo em comum com seus companheiros.

    Em combate, sempre age da maneira que for necessária para assegurar sua vitória, e isso inclui cometer ações condenáveis como pilhagem, ataques a civis, vandalismo, execução de oponentes que se renderam ou emprego de táticas consideradas desleais, como ciladas ou emboscadas. Não se importa com honra, disciplina ou códigos de conduta no campo de batalha.

    Pode manter prisioneiros de guerra sob custódia para receber o pagamento de seu resgate ou para torturá-los, se achar necessário; do contrário, não pensa duas vezes em matá-los a sangue frio, mesmo que tenham se rendido.

    Tendem a ver a si próprios não como malignos, mas como centrados, pragmáticos e aptos a ocupar posições de poder ou liderança. Consideram personagens bons como hipócritas e permissivos, cujas convicções morais e éticas beneficiam apenas os incapazes, fracos e incompetentes.


Ações que os vilões neutros e malignos nunca praticam:

    Cometer atos que considera indignos ou sinais de mediocridade e fraqueza (como benevolência, misericórdia, altruísmo, sacrifício, caridade e heroísmo).

    Permitir que um líder ou governante fraco mantenha sua posição, a menos que seja do seu interesse (por exemplo, para poder controlá-lo ou manipulá-lo a partir dos bastidores).

    Deixar de cometer um crime se o resultado lhe for mais vantajoso do que seguir a lei.

    Deixar passar uma chance de obter poder, riqueza, glória, posição social ou outro tipo de benefício pessoal.

    Manter prisioneiros vivos, a menos que eles sejam úteis de alguma maneira (por exemplo, para pedir resgate, extrair informações ou ameaçar outrem).

    Demonstrar honra ou integridade no campo de batalha.


Exemplos de personagens neutros / malignos da ficção:
Smaug
Szass Tam, Cassana e Deirdre Kendrick (Forgotten Realms)
Kitiara e Dalamar (Dragonlance)
Morrigan (Dragon Age)
Darth Vader e Bobba Fett
Loki, Thanos e Kang (Marvel)
Mongul, Exterminador, Arraia Negra e Bane (DC)
Kakuzu, Sasori e Kabuto (Naruto)
Freeza e Cell (Dragon Ball)
Petyr “Mindinho” Baelish, Euron Greyjoy e Cersei Lannister (GoT)

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