sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Mestre sortudo

Eu participo de alguns fóruns sobre RPG - mais leio do que posto - e às vezes fico espantado com certas coisas que outros mestres postam sobre seus grupos. Verdadeiros contos da cripta: jogadores que discutem entre si, jogadores desordeiros e que atrapalham o jogo de várias formas, jogadores sem higiene pessoal, jogadores que discutem regras à mesa, jogadores que contrariam o mestre em tudo...

Aí eu paro e penso como tenho muita sorte por nunca ter passado por essas situações na mesa. Sim, em 20 anos de RPG eu já tive alguns jogadores chatos ou "engraçadinhos", mas nada que não pudesse ser resolvido com uma boa conversa. Mas nunca nada grave.

Mas provavelmente essa minha sorte não é sorte, mas se deve ao fato de eu sempre ter jogado com amigos.

Seja qual for o motivo, digo com orgulho que sou um mestre privilegiado.
.

Miniaturas

Sempre tive uma relação meio ambígua com relação à utilização de miniaturas em sessões de RPG. Eu as considero um acessório muito útil em cenas de combate, mas nem de longe acho que são necessárias ou imprescindíveis ao jogo.

Quando comecei a jogar RPG's na Idade da Pedra Lascada, comprei algumas miniaturas de chumbo, mas que viram pouca ação - essas miniaturas eram bem feitas, mas eram caras e não tinham pintura. Como nunca tive dotes artísticos ou paciência para pintá-las, acabaram jogadas em algum canto, e nem sei que fim levaram.

Posteriormente utilizei as figuras de papel da série "Heróis de Papel", publicada aqui no Brasil pela Devir e esgotadíssimo. Para quem não conhece esse produto da Steve Jackson Games, ele consiste de algumas centenas de miniaturas de papel-cartão, muito bonitas, resistentes e bem variadas - há gigantes, dragões, orcs, mortos-vivos, bárbaros, cavaleiros, magos e muitos outros personagens, todos em escala. Essas figuras são tão bacanas que as utilizo até hoje em minhas campanhas de fantasia.

Quando a Wizbro lançou sua linha de miniaturas de D&D, eu passei ao largo, por dois motivos - o preço extorsivo cobrado por essas miniaturas aqui no Brasil e o fato de utilizar os "Heróis de Papel".

Porém, como estou na iminência de começar uma nova campanha de Star Wars d6, resolvi adquirir algumas miniaturas de Star Wars da Wizbro. As peças são bonitas, bem detalhadas e bem variadas. Com certeza serão uma bem-vinda adição ao jogo. Em breve postarei fotos delas no blog.

Até a próxima.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Engessando a imaginação

Alguns meses atrás, por recomendação de uma amiga, comprei a edição no. 38 de "Turma da Mônica Jovem", que traz a história "Masmorras & Dragões".

Confesso que a premissa do gibi nunca me entusiasmou, mas me surpreendi com uma história divertida e que me trouxe várias lembranças da minha adolescência, que foi marcada por sessões semanais de RPG.

Porém, uma cena do gibi em particular me chamou a atenção - quando o PC do Cascão, um ladino, cai em uma armadilha, a primeira coisa que ele faz é fuçar vários livros de regras para tentar encontrar um meio de sair daquela situação. Confesso que fiquei pasmo... desde quando um PC precisa consultar livros de regras para fazer alguma coisa? E a imaginação do jogador? E a arbitragem do mestre?

Foi aí que me caiu a ficha: o gibi estava simplesmente reproduzindo o estilo de jogo em voga hoje, principalmente entre a galera que começou a jogar RPG a partir do ano 2000 com o sistema d20.

Há vários sistemas (d20, GURPS, Hero System, Rolemaster) que encorajam um determinado estilo de jogo no qual se não houver regras para uma determinada situação, fica implícito que tal ação não pode ser executada. Ainda que muitos grupos não pensem ou joguem desse modo, essa é uma característica essencial destes sistemas, que tentam criar regras e codificações para o maior número possível de situações.

Por exemplo, você não pode fazer X a menos que você possua uma vantagem, perícia ou talento que permita fazer X. O resultado é que se o PC não tiver à sua disposição um talento, perícia ou vantagem que lhe permita fazer tal ação (ou se o sistema não apresentar uma regra específica para essa situação), fica implícito que o PC não pode fazer X.

Exatamente a atitude do Cascão no gibi, que procurava freneticamente nos livros uma regra ou sistema que pudesse ajudar seu PC a escapar da armadilha.

Essa atitude não é nova, obviamente. Três dos quatro sistema que mencionei são anteriores ao d20, e joguei várias sessões de GURPS em que os jogadores agiam exatamente dessa forma. Porém isso era a exceção, não a regra. Mas aparentemente, com a popularização do d20 houve uma mudança de paradigma, em que o uso da imaginação e a arbitragem do mestre são desencorajadas. A imaginação e a criatividade dos jogadores é engessada e preterida em favor de regras, tabelas, listagens de talentos, etc.

Claro, cada um tem seu estilo de jogo. Mas as coisas pareciam bem mais divertidas quando as ações dos nossos personagens eram limitadas apenas pela imaginação ou verossimilitude, e os sistemas de regras davam mais liberdade criativa aos PC's e ao Mestre.

E vocês? Qual estilo e tipo de sistema preferem?

Até a próxima.
.